Manchester United 1-0 West Bromwich
Old Trafford
Premier League, 23/11/2020
Quando fui morar na Escócia em 2015, meu primeiro jogo foi contra o West Bromwich. Era o retorno a Old Trafford depois de três anos. Valeu a pena porque não há como ser ruim ir a Manchester, mas em campo deu tudo errado.
O United jogou muito mal, perdeu por 1 a 0, Robin van Persie desperdiçou pênalti e Ángel Di María fez questão de cruzar todas as bolas para fora. Louis van Gaal montou uma estratégia inacreditável durante o segundo tempo. Colocou Rooney e RVP para atuarem na meia e Fellaini, como centroavante.
Toda essa introdução é porque no último sábado, contra o mesmo West Bromwich, o United jogou ainda pior do que naquela tarde gelada de 2015. Mas pelo menos ganhou. Foi a primeira vitória em Old Trafford pela Premier League nesta temporada. Antes do jogo, Ole disse que a ausência de público tem feito diferença. Claro que sim, mas esta não pode ser explicação.
Ninguém, à exceção de Sam Johnstone (revelado nas canteras de Carrington), atuou bem. Não acho que o árbitro tenha sido tão influente assim no resultado. Bruno Fernandes claramente toca na bola antes de acertar o adversário. Não sei se o juiz deveria anular a marcação do pênalti porque a regra do VAR disse que isso deve acontecer quando há um óbvio erro. Era duvidoso, apenas.
O pênalti para o United foi claro. Pelas regras atuais, aquilo é pênalti. E Johnstone se adiantou muito na cobrança que defendeu. Se tivesse pegado a segunda, teria de ser batido novamente porque o goleiro saiu antes mais uma vez. O que me preocupa é que Bruno precisa mudar a forma de cobrar e com urgência. Já ficou manjado o seu estilo com o salto.
Claro que o WBA ficou atrás e fechou os espaços. Solskjaer esperava o quê? Eles jamais atacariam, O fato é que o United encontrou muita dificuldade para criar e não deveria ser assim. Martial parece ter problemas em atuar como centroavante e fica mais à vontade pela esquerda. Talvez seja a hora de escalar Cavani pelo meio enquanto Greenwood não volta.
O resultado serviu porque não tem nenhum time voando na Premier League. Mesmo o Liverpool não é o mesmo da temporada passada. Golear ou vencer por 1 a 0 da forma que foi valem os mesmo três pontos. Mas agradável de ver, não é.
Continua a ser de arrancar os cabelos os jogos em que o Manchester United é obrigado a sair e tomar iniciativa. Terça-feira será mais um desses. O time de Istambul não vai atacar. Vai contra-atacar, justamente o que os Reds gostam de fazer. Isso sem falar que no sábado a equipe foi lenta, dispersa, errou muitos passes e passou a impressão, às vezes, de estar desinteressada em campo.
Por mais que seja improvável que o United vença a Champions League e a Premier League nesta temporada, Ole precisa melhorar há evolução e que, com mais algumas peças (não que o pateta do Ed Woodward vá consegui-las), pode começar a brigar de verdade. Desde o início das competições poucas vezes se viu isso. Às exceções foram contra PSG e Leipzig.
Sou muito grato a Solskjaer por todas as alegrias que ele me deu (e não apenas o gol contra o Bayern) e receio que, se a coisa degringolar, Woodward vai sacrificá-lo para salvar o próprio rabo. Como já fez no passado. O clube tomou uma decisão: vamos apostar nele e no trabalho desenvolvido. Então é preciso ter paciência e que o board honre as calças que veste.
Às vezes me passa a impressão de que as pessoas pensam que com Sir Alex Ferguson foi sempre tudo maravilhoso, com o time sempre jogando bem e vencendo. Esquecem-se que ele levou quatro anos para ganhar o primeiro título e sete para ser campeão da liga. Mesmo depois disso tudo, em 2004-2005, parte da torcida nos jogos em Old Trafford estava à beira do motim por causa do desempenho da equipe. Houve um shareholder que, em uma reunião anual de acionistas, pediu a demissão do treinador.
Uma vitória nesta quarta (dependendo do que acontecer entre PSG x Leipzig), pode deixar a classificação encaminhada. Pode vir até com apenas mais dois pontos. Mas a repetição do futebol apresentado diante do WBA pode causar problemas não só em relação à vaga nas oitavas da CL. Para o futuro de Ole Gunnar Solskjaer também.
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